sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dia 28/12/2012 - O Salar do Uyuni. (Mas vocês não foram de moto para o Salar?)

O quarto 6 tinha duas camas de solteiro, uma ficou para eu dormir e a outra virou depósito da maioria das minhas coisas. Havia uma pequena mesa com uma cadeira, o banheiro e duas janelas de vidro, uma alta que dava para a rua na lateral do hotel e outra interna que dava para o corredor interno e uma grande sala de estar, com sofás e almofadas, uma televisão e um antigo aparelho de som. Como eu sou claustrofóbico, deixei a janela interna com uma fresta e a externa fechada.  A rua na lateral do hotel, dava para uma outra que corre paralela ao pátio de manobras dos trens e termina em um grande portão que fecha um imenso galpão, ambas as ruas em terra e sem qualquer movimento, apenas um velho onibus abandonado na rua de trás.  Na madrugada eu acordo com o som de vozes, uma correria para lá e para cá na rua lateral, quando finalmente entendi onde eu estava, pude escutar uma voz masculina jovem, de alguém correndo muito e gritando desesperado "hijo de puta! hijo de puta!" e logo depois o som de mais de uma pessoa correndo atrás. Algum tempo depois, passaram correndo de volta, não sei quem e quantos, nem o que aconteceu. Bem, o jovem que passou primeiro gritando, se virou para a direita, se lascou, pois a rua de trás naquele sentido era sem saída...

Foi aí que eu entendi o porque da janela externa ser tão pequena e tão alta, pois do contrário qualquer um poderia tentar entrar por aquele beco abandonado, tratei de deixá-la bem trancada.

Mesmo não querendo acordar cedo, acabei acordando novamente, agora com o barulho da Transalp do gaúcho esquentando lá na frente do hotel. Depois de alguns minutos, escutei ele acelerar e depois o som sumir longe, sei lá para onde o maluco foi, mas provavelmente La Paz.

Tentei em vão voltar a dormir, mas mesmo estando frio ainda, não tinha mais como ficar na cama.  Levantei e comecei a explorar o local, quer dizer o hotel. O mesmo tinha quartos desde o térreo até o terceiro andar, onde aliás, na noite anterior, um casal jovem se hospedou, lembrei disto e tratei de não fazer barulho andando por lá.  Lá em cima dá para ver o pátio de manobras e várias composições de trens espalhadas, lá também está o refeitório, bem arrumado. O Hotel tinha uma decoração onde a cor marrom avermelhado predominava, desde o piso até as paredes.  Depois desci e fiquei largado no sofá observando uma flor de cactus.  Eu não lembro como o resto da turma acordou, sei que eu estava com fome e o dono do hotel, Jamon ou Juan, não me lembro mais, apareceu e disse que o café estaria pronto logo.

O café pelo que me lembro foi razoável, tinha até uma sobremesa doce como acompanhamento, não me lembro o porquê, mas lembro que rimos muito fazendo piadas com o Magá ou sendo vítimas das piadas dele. De vez em quando eu tentava entender o noticiário que passava em uma TV de tela plana ali no refeitório, pois a velha TV de tubo lá debaixo eu nunca tinha visto ligada.

Nós depois fomos para a frente do hotel, já tinha sol, mas ainda fazia frio, depois eu e o André fomos novamente ao "locutório" para aí sim, conseguirmos falar com o Brasil.
O Zeca tentava usar a internet do hotel em um dos dois computadores que haviam lá, mas depois desistiu e me deixou tentar, depois de uns 20 minutos eu tinha enviado um e-mail e só, desisti também.

Decidimos então ir lá para a praça Arce, pois nossa saída seria às 10:30h, então com calma, compramos água, eu comprei duas maçãs, pois desconfiava da história do almoço incluso no passeio, aí aproveitamos para tirar fotos dos "monumentos" distribuídos por todo o canteiro central ao longo da avenida. Destes, alguns são carros de manutenção da via, além da locomotiva da qual já falei, e outros umas estátuas, sendo a do mecânico ferroviário bem bonita, já, em frente a estação, há uma de uma mulher que mais parece algo de filme de terror, sei lá. Foi engraçado o fato de haver um carrinho de manutenção pequeno, com uma cabine onde cabem duas pessoas lado a lado, todo mundo se revezava para sentar lá, até que na vez do André, uma menina apareceu não sei de onde e sentou-se bem ao lado dele na hora da foto, ele olhou assustado, falou "BO" e saiu correndo, mas antes, nós fotografamos e claro, depois lhe chantageamos com a tal foto!  Enquanto nós ríamos ele falava, para com isso, é sério, não vou ter como explicar uma foto dessas.


Av. Ferroviária, canteiro central, hum... brinquedos! (foto Zeca)
Foto do André sem "BO"  (foto Zeca)
Foto Zeca
O Magá, você não cabe ai! (foto Zeca)
Foi feito para mim e o Zeca (foto Zeca)
Imaginem a 4000 m os cabras usando isto!  (foto Zeca)
Apareceu o nosso carro, um Toyota Land Cruiser, o motorista, esqueci o nome, um cara jovem e bem tranquilo, então quando fomos entrar no carro, um japonês foi entrando junto, aí nós tentávamos lhe explicar em inglês, que aquele carro tinha sido fechado por nós, mas o que aconteceu, foi que o motorista sabia que eram 4 pessoas, porém como o Magá estava lá longe no meio da avenida cuidando das relações diplomáticas com a Rússia, ele achou que o japa estava junto com a gente. Tivemos quase que arrancar a tapas o japonês de dentro do carro, pois ele não queria sair, enquanto gritávamos para o Magá vir logo.
Finalmente nos distribuímos dentro do carro, o André na frente, eu e o Zeca atrás um em cada janela e o Magá no meio, claro que ele daquele tamanho, ficou apertado ali, eu por minha vez, torcendo para não ter câimbra.

A Avenida Ferroviária, fica paralela à estação de trens e ao pátio de manobras e oficinas ferroviárias.  Na realidade, passando atrás do hotel onde estávamos, segue uma linha inativa, que pela direção deve, no passado, ter ligado ali à Potosi.  Um pouco antes do hotel há um desvio, também inativo, que segue no sentido norte, rumo a La Paz.  As linhas que permanecem ativas são, uma que a 1.5 km desvia para o sudeste e a outra que segue reto, 
saindo da estação, seguindo rumo ao Chile, é aquela linha que cruza o Salar de Ascotan. Por esta linha seguem os trens que vão até a divisa com o Chile (Ollague) e os que seguem até Calama. Ao lado desta linha, a 2 km de distância da estação do Uyuni há uma linha abandonada onde estão várias composições antigas também abandonadas, este local é conhecido como Cemitério de Trens.

De carro, tem-se que sair pelo lado norte da cidade e passar pela cabeceira leste da pista do aeroporto e depois pegar um caminho pelo deserto que chega lá. É um ponto turístico muito visitado e foi a nossa primeira parada. São vagões e locomotivas da época do uso das máquinas à vapor.  Estão todas deterioradas e pelo visto, foram canibalizadas, pois faltam partes e peças em todas, ou seja, o que valia alguma coisa foi aproveitado, o resto está ali para virar pó. Os carros param antes da linha férrea ativa, todos cruzam a pé a linha e vão tirar suas fotos no ferro velho.

Como o entorno da cidade é todo um deserto, então o que se vê é areia para todo lado, porém há uma quantidade enorme de lixo espalhado, principalmente sacos plásticos, pois pelo que entendi o vento espalha os sacos rompidos que as pessoas jogam em todo o lugar, aliás, como venta no Uyuni!


A linha ativa que passa ao lado do cemitério
Alguns metros ao lado estão as antigas composições
Já que não dá pra andar de trem...

Cada um com seu brinquedo!

As velhas locomotivas a vapor estão ai para virar pó

Algo em comum entre a Bolívia e o Brasil, o senso de preservação da história
Inexiste
Estão ai para virar pó
O "nosso" Land Cruiser


Lá ao fundo fica a cabeceira da pista do aeroporto


foto Zeca
foto Zeca
foto Zeca
O Zeca na foto do Zeca
foto Zeca
Que bela foto!  (foto Zeca)
Quanta gente! Fica até difícil compor uma foto, pois é turista para todo o lado, os passeios saem todos no mesmo horário, então todo o mundo se encontra nos mesmos lugares, são vários 4x4 levando a turistada toda, incluindo nós.  No final da sessão de fotos, um trem de carga, daqueles que vai para o Chile, veio pela via ativa buzinando, todo mundo se alinhou ao longo da via para fotografar o trem que passava devagar em meio à multidão de turistas dos dois lados da via férrea.  Ok, hora de voltarmos ao carro e partirmos para o Salar do Uyuni! 


De repente apareceu um trem de verdade

Olha o trem!
E aí Zeca?

o bicho indo embora (foto Zeca)

Em direção aos salares de Carcote e Ascotán, destino final, Calama Chile
Foi-se (foto Zeca)
Mas porque não fomos de moto?   De fato, tanto o cemitério de trens como o Salar são próximos à cidade, porém como nos haviam informado, o Salar estava com um pouco de água ainda, pois uma semana antes esteve inundado, quando isto acontece os passeios são suspensos por questões de segurança, pois os motoristas perdem as referências dos locais firmes, pois há locais onde o sal não é firme, aí um atolamento ou até um acidente, podem ocorrer. Bem, havendo um mínimo de água, imaginem o que acontece com os veículos que transitam por lá?   Como nós não tínhamos a intenção de nos livrarmos das nossas motos ao voltarmos da viagem, não iríamos fazê-las passar por aquela salmoura toda. O Miguel Liendo lá em Salta já havia nos contado como ficam as motos que voltam do Uyuni, pois o sal penetra no quadro, nos rolamentos, em tudo, ou seja, corroe as motos de dentro para fora!  Como ele disse, é ilusão achar que uma lavagem resolve, pois a névoa salina penetra locais onde não se consegue lavar.  Então, por unanimidade, decidimos ir com um passeio mesmo, e melhor ainda, com uma carro fretado!


Todo mundo feliz no Land Cruiser, até que...
Nós estávamos muito felizes com a decisão, mas quase mudamos de ideia, pois após a visita ao cemitério de trens, o carro pegou a ruta 30 que ruma para Oruro e passa ao lado do aeroporto, quer dizer, uma pista perdida no meio das areias onde até hoje opera um Douglas DC-3!   Esta ruta segue reta, porém tem muito movimento de carros, ônibus e caminhões, por consequência a poeira é enorme, foi na tentativa de ultrapassar um caminhão azul, que o motorista devido à poeira, não viu que um outro veículo vinha na direção oposta, mais perto que ele imaginava. Quando estava ao lado do caminhão os faróis do outro veículo estavam de frente!  Ainda bem que ele não freou, pois do contrário teria perdido o controle, e claro, naquele chão batido com areia não iria parar, ele reduziu uma marcha e jogou o Land Cruizer para o lado esquerdo, para fora da estrada!  Isto mesmo, jogou para as areias um metro abaixo do nível da ruta e acelerou. Eu jurei que ia capotar bem por cima do lado onde eu estava, então me preparei para o pior...

Mas o Land Cruizer com seu motor V8 é o bicho!  Quando caiu nas areias meio de lado, o motor tracionando 4x4, estabilizou o carro e ele foi cortando as areias com uma força incrível.  Sómente depois que o carro se estabilizou definitivamente, após uns grandes chacoalhões, ele diminuiu a aceleração e foi cavando na areia fofa um caminho de volta para a estrada, dentro do carro um silêncio total!

Demorou algum tempo para que voltássemos a falar, aí começamos a rir e a parabenizar o motorista pela reação que ele teve, pois do contrário, muito provavelmente eu não estaria aqui escrevendo estas linhas. Ok, de volta à ruta 30, porém, agora sem pressa, fomos brincando, tirando fotos e rindo dentro do carro, eu particularmente estava alegre por estar vivo e sem um arranhão, pois se o carro tivesse virado, teria sido bem em cima de mim, pois eu estava colado à porta esquerda traseira. Pensando depois sobre o assunto, percebi que das inúmeros veículos destruídos que vimos, nenhum era um Land Cruiser, será este um carro incapotável?

A 22 km após a cidade do Uyuni pela ruta 30, está o povoado de Colchani, que é a porta de entrada do Salar, por isto todos os veículos se dirigem para lá e claro, param em uma feirinha de artesanato. É um povoado pequeno e muito pobre, com as ruas todas de terra batida, por onde a ruta 30 passa ao lado. Colchani tem uma velha estação de trem, pois aquela linha que sai de Uyuni rumo norte, Oruro/La Paz, passa bem no meio do povoado, mas a linha férrea, está com os trilhos limpos e polidos, o que indica uso recente, ao contrário do que havia me parecido lá em Uyuni, a linha está ativa.  Claro que para nós não havia nada de interesse naquela feirinha, apenas um museu com peças de sal, aliás, ali as casas são ou de adobe ou já tem paredes construídas com blocos de sal.



Lado direito da ruta 30, próximo a Colchani
Entrando em Colchani
A linha férrea que segue rumo norte, Oruro e La Paz
A antiga estação
Isto mesmo, é um porquinho, quer dizer, porcão

Eles param todos juntos e despejam os turistas
O Zeca estava adorando....
Eu gostaria de saber o que esta senhora sabe sobre este lugar...
Tudo de sal, menos o carro claro

Esculturas em sal




Lá dentro do pequeno e apertado museu, algumas grandes peças representando figuras mitológicas e toda a sorte de pequenas coisas para vender, há uma sala só com estátuas de sal, inclusive uma intrigante, pois é alguém de joelhos, com as mãos apoiadas no chão.  
Eu tirei uma foto sentado no lombo de um animal, mas o Magá queria outra coisa. Só que como havia muita gente ele desistiu, porém quando deu uma esvaziada eu lhe disse, vai lá que eu fotografo, ninguém aqui te conhece mesmo!  Os que estavam presentes na sala racharam de rir do Magá fazendo aquilo.



Minha brincadeira foi discreta
Mas o Magá, não ia perder esta!
Depois das fotos, minha preocupação era de fazer um xixi, o que aliás para se fazer tem que pagar, umas duas moedas dão acesso a um banheiro sujo e sem água lá nos fundos de um terreno, porém no caminho até a "casinha" deu para ver uns equipamentos usados para fazerem blocos de sal.


André (foto Zeca)
foto Zeca
Construções com blocos de sal
Blocos de sal


Sal, madeira e palha
E ai Zeca achou o banheiro?
Equipamento para fabricar blocos de sal
Levantando uma parede com sal
Só quem não gosta de sal são os veículos
Deu!  Vamos embora!  (foto Zeca)
Todos reunidos, voltamos ao carro e partimos rumo oeste, a 5 km apenas saindo de Colchani entramos no parte branca do salar, branquinha mesmo, porém a borda do salar estava mesmo úmida, havia poças de água por todo lado, das quais os veículos desviavam aqui e ali, mas em alguns lugares não havia como. Todos os veículos, incluindo caminhões, passam dentro de uns bons bocados de água salgada, então vendo isto, fiquei satisfeito pela decisão de não colocar a Suzi ali, claro que cortar aquela planura branca de moto deve ser uma sensação do outro mundo, mas há um alto preço a ser pago por quem ficar com o veículo depois.

Na borda úmida do salar, há como uma certa estrada, pois todos os veículos seguem mais ou menos o mesmo percurso, pois fora deste há muitos atoleiros de lama salgada. Na borda do salar, há vários locais onde trabalhadores extraem sal, fazem montes para secar, depois carregam grandes caminhões, tudo manualmente, na pá, não há um trator sequer.  Me lembro de ter comentado isto com o Juan, o motorista, que acho, me disse que era para preservar o salar. Aliás ouvimos, em uma das paradas para fotos, um guia dizendo que no Uyuni há lítio e outros metais preciosos, que são extraídos e vendidos ao Chile, daí a razão de ser daquele trem de cargas que vai para Calama.

Borda de entrada do salar do Uyuni
Sal e umidade
Uma laminha básica
Muita água

Este caminhão é novo, mas...
Colchani, fica ali no horizonte da foto

Turistas!   É nóis!





Poucos dias antes, os passeios estavam parados devido ao espelho d'água

O sal aqui não é branquinho devido à umidade



A apenas 7 km da borda leste do Salar rodando pelo sal branquinho, chega-se ao hotel de sal. Entendam que 7 km à dentro do salar não quer dizer nada, pois estamos na porta ainda, pois esta parte branca contínua, possui 138 km de leste a oeste e 110 km de sul a norte!  São 12 mil km quadrados em uma camada de 7 metros de profundidade de sal puro!  Todo o salar, foi na pré-história, um imenso lago, por isto tem 120 m de profundidade, com várias camadas onde estão os metais raros, a cobertura perfeitamente plana de puro sal são só os 7 metros de espessura por onde andamos.

O salar do Uyuni, faz parte de um enorme complexo, pois colado ao seu noroeste está o Salar de Coipasa com 46 x 60 km de sal branquinho, claro que os Salares Carcote e Ascotan (no lado chileno) fazem parte do mesmo complexo. O Salar do Uyuni fica no sudoeste boliviano e está perfeitamente alinhado com a cidade de Iquique no Chile, são 330km em linha reta desde a entrada do Salar até a praia em Iquique.

Voltando ao hotel de sal, este é um ponto turístico bem próximo a entrada do Salar, de lá avista-se a cadeia montanhosa do leste, mas já se perde de vista o horizonte tanto para o norte, como para o oeste.Há uma elevação onde estão as bandeiras de muitos países, incluindo a nossa, todo mundo tira fotos ali, e também as famosas fotos dos saltos, pois devido ao horizonte plano e branco, as máquinas fotográficas criam um efeito de ótica onde perde-se a noção de profundidade, a mesma lá da laguna Tebenquiche no Chile, só que aqui em proporções maiores. Se você der um pulo de meio metro, na foto vai parecer que você está a um metro e meio ou mais. Não preciso dizer que havia turistas por todo o canto, gente do mundo inteiro se encontra ali. O hotel de sal, é de fato um hotel, quem quiser e pagar por isto, pode dormir por lá. As paredes, os móveis (que são imóveis) são todos de blocos de sal, e o chão, claro, sal branquinho. Acho que ficamos por volta de uma hora por lá, depois seguimos rumo oeste, onde nos primeiros 10 km os carros seguem mais ou menos juntos, como se fosse uma estrada mesmo, depois se espalham, pois o piso firme se amplia, então é como se fosse uma estrada com uns 5 km de largura, mas observei que os que vão seguem mais à direita, os que voltam, passam mais à esquerda, eles tem mesmo que ter cuidado, pois andam a 120 km/h.  A necessidade dos óculos de sol fica evidente ali, pois o brilho do sal é intenso com o sol indo à pino.


Chegamos ao hotel de sal
Em frente há este monumento às bandeiras
Tem de tudo o que é lugar
O hotel por fora
Incluindo a do Brasil

Magá, atrás de você é bandeira do seu time?

Dentro do hotel de sal
Os bancos são de sal
O chão é sal
As paredes são de sal

Bonito não é?  Mesa e bancos de sal
Magá e André
Eu
Magá, Zeca e Eu
Magá, Zeca e André

Vai voando Zeca?
Magá, Zeca e eu
O Andrezito
Magá, eu e o André
Andre (foto Zeca)
O Zeca levitando (foto Zeca)
O Zeca (foto Zeca)
Lá de azul sou eu (foto Zeca)
Sal, céu e água (foto Zeca)
O hotel de sal por fora (foto Zeca)
O hotel por dentro (foto Zeca)
Eu outra vez (foto Zeca)
Que tal um lanchinho?  (foto Zeca)
Magá (foto Zeca)
Adorei esta foto (foto Zeca)
Nós estávamos indo para a ilha Incahuasi, mais conhecida como ilha do pescado, não sei porque!  Incahuasi fica quase no meio do salar, no sentido oeste está a 70 km da borda, porém no sentido norte está abaixo da linha central. Eu observei que o motorista ia o tempo todo de olho no horizonte, pois os vulcões com mais de 5 mil metros de altura são visíveis longe, pequenos no horizonte, mas visíveis.  Ele me confirmou que eram a sua referência, sendo os Cerros de Chuvica ao sul e o Cerro Tunupa ao norte as referências principais, conforme o veículo se desloca em relação à estes horizontes distantes, ele sabe exatamente onde está.  Entendi também que, com o Salar alagado, o espelho d'água anula todas as referências, pois além do horizonte, há o tal trilho largo por onde os veículos seguem.

Chegamos a Incahuasi, que é de fato uma ilha, no meio daquela brancura, destaca-se a elevação rochosa marrom. Os veículos param todos alinhados na face oeste, onde há uma infraestrutura para os visitantes, pois há o local onde os veículos estacionam, há mesas próximas, também há banheiros e claro, a entrada do parque, pois para subir pelas trilhas até o ponto mais alto da ilha, tem que pagar a entrada, cujo valor é pequeno, nem me lembro mais quanto, mas algo como uns 12 reais.

O nosso motorista, parou o carro próximo a uma das mesas, abriu a porta traseira e começou a tirar de lá algumas coisas, incluindo uma toalha com a qual cobriu a mesa, depois pratos, talheres etc, então vai ter almoço mesmo!  Equanto ele preparava as coisas por ali, nós ficamos andando pela brancura de sal, tirando fotos e observando os outros tirarem as suas.  Fiz umas fotos "pornográficas" do André, pois por sugestão do nosso guia, dava para brincar com os cactus escolhendo a posição certa. Quando ele nos chamou para o almoço, bem simples, mas que segundo ele foi sua esposa que preparou, nos sentamos à mesa e pedimos para ele sentar-se conosco, pois vimos que iria almoçar também, almoçamos sob aquele forte sol.

A caminho da Ilha do Pescado
O que há no horizonte?    Nada...

Ops, chegamos!
Ponto de chegada, estacionamento e entrada do parque


Olhando para o lado oposto
Entrada do parque
Foto Zeca


Foto Zeca
Nosso amigo motorista

Ele está preparando o almoço

Não tem sombra não

Localização da Ilha



Não é o que você está pensando! O André só deitou-se para descansar...

Foto Zeca

Ok, hora do almoço

O Salar do Uyuni está a 3680 m de altitude, a parte plana, nele existem dezenas de ilhas rochosas, como a que visitamos, porém a maioria fica mais próxima das bordas, sendo a Incahuasi uma da poucas que se situa em meio ao plano central. Ela é rochosa e tem corais, isto mesmo, corais, pois tudo isto foi fundo de mar um dia! O ponto mais alto da ilha, o mirador, está a 3742 m de altitude, mas parece muito mais alto que isto, pois subir pela trilha até lá não é tarefa fácil.  Eu fui o único que decidiu ir até lá, eu não estava com coragem, mas pensei que aquela seria uma oportunidade única, então iria seguramente me arrepender depois caso não fosse.  Na realidade me arrependi no meio do caminho, pois a trilha é íngreme, o fôlego desaparece, o coração dispara, mesmo caminhando devagar, por isto fui parando aos poucos e aproveitando para fotografar.  Por 1.5 km de subida ziguezagueando pela trilha, mas parece muito mais, no caminho tirei fotos para muita gente, e tiraram algumas para mim, infelizmente nenhuma do meu agrado. A vista lá de cima é deslumbrante!  Mesmo antes de se chegar ao ponto mais alto é muito lindo aquele contraste entre o branco o azul e o marrom. Há cactus por todos os lados, a maioria enorme, dai vale lembrar que os cactus de altitude crescem 1 metro a cada cem anos!   Então eu caminhava por entre plantas com mais de 300 anos, outras com muito mais que isto, pois havia aqui e ali, alguns com 6 metros ou mais!

Dentro do parque
Começando a subida
É cansativo, mas vale pelo visual
Uma paradinha para descansar




Vista leste, do meio da subida

A trilha
É lindo, quer ter noção do local, olhe a próxima foto
Os carros parados lá embaixo

Ainda tem o que subir



Parece, mas ele não está fazendo aquele sinal!




Finalmente, o Mirador, ponto mais alto
Difícil foi conseguir uma foto aqui
Lá no mirador, minha dificuldade foi com uns brasileiros, que se achavam os donos do lugar e não davam oportunidade para mais ninguém fotografar, parecia que iriam tirar mil fotos... Tive que pacientemente, sob o sol, esperar eles irem embora para poder tirar uma foto decente do lugar, mas valeu a pena, não dá para descrever, nem as fotos registram o que se vê lá de cima.Resolvi descer pela outra trilha, que é mais íngrime ainda, porém como era descida, tudo bem. Por ali a gente passa pela "Sala de Coral" que é uma formação de coral enorme que se partiu e na qual pode-se caminhar por dentro, mas havia uma turma de adolescentes que não saíam de lá e não deixavam mais ninguém entrar para fotografar, eu esperei bastante até que pedi para que eles pelo menos saíssem da frente da minha máquina, assim pude pelo menos bater uma foto distante.

Voltando
Isto ali na frente é o Salão de Corais
Eu não sou bom para "Selfie" como o Magá
Tudo isto foi fundo de oceano um dia


Agora dá pra ver que são corais mesmo



Pense que eles tem mais de 300 anos


O Cactus que tinha 1203 anos!

Eles crescem 1 metro a cada 100 anos 

Apesar da aparência bruta, a flor é delicada


Quase no fim da descida, há uma placa ao lado de um cactus seco, e como a placa diz, o mesmo morreu em 2007, após ter vivido 1203 anos!  Isto mesmo, pois chegou a medir 12 metros e 3 centímetros de altura!

Dá para imaginar o que se passou de história neste mundo enquanto ele esteve ali em pé dia e noite...   Fiquei parado um tempo pensando.


Os jovens adoram fazer aquelas fotos com efeito
Na foto o tênis deve ter saído maior que a menina 
Pose de fotógrafo do Zeca
Formações hexagonais
Não me lembro do que estávamos rindo




Viu como o a Magá é grande!
Tá pesado Adrezito



De volta à poeirenta ruta 3
Pelo jeito vão asfaltar do Uyuni a Oruro!
Por enquanto é por aqui que vamos

De volta para a cidade do Uyuni
Resolvi me apressar, pois eles já estavam me esperando a um bom tempo, e só passei no banheiro antes de chegar ao carro que logo partiu dali de volta rumo à cidade do Uyuni. Já era meio da tarde e o nosso guia fez uma parada no caminho para podermos fotografar os desenhos em forma de hexágonos que se formam quando a água evapora, e havia água por ali uma semana atrás, pois estávamos no verão boliviano, que vai de Novembro a Março, sendo esta a estação das chuvas, que por ali são poucas.  Tentamos fazer mais algumas fotos engraçadas, mas sem muito sucesso. Chegamos de volta à cidade do Uyuni lá pelas 15:30h, e o nosso guia ainda quebrou o galho, nos levando a alguns lugares para o André procurar óleo para a moto.  

Não me lembro se ele achou, mas me lembro que achamos uma loja de peças para motos, que aliás na Bolivia, são todas chinesas, o Zeca voltou depois com a moto dele lá, pois precisava comprar um espelho retrovisor, o seu esquerdo havia quebrado no dia anterior no "vôo" entre o salar e a ruta 701.

O motorista nos disse que ia levar o Land Cruiser para a lavagem por baixo, pois é o que eles fazem primeiro ao voltarem de lá. Nos despedimos e fomos para o hotel, onde eu acho que fiquei arrumando minhas coisas para a partida do dia seguinte rumo a Argentina. Mas neste dia ainda voltamos na praça Arce para jantarmos em um dos restaurantes de lá, onde comemos bem, disto eu me lembro. Mas antes disto havíamos caminhado pelo calçadão que vai até a frente da Catedral de Uyuni, onde me lembro havia uma cerimonia de casamento em curso. Eu fiquei ali olhando aquele mundo de gente passar para lá e para cá, enquanto os três foram ver umas lojinhas em uma galeria, não me lembro o que procuravam. Fomos um pouco adiante pela lateral da catedral, onde aliás na esquina havia uma mulher vendendo em um caldeirão, um cozido de carnes que dava medo só de olhar, imagina comer aquilo!

Quando voltávamos para a praça Arce, vimos um senhor vendendo umas lanternas xing-ling, o Zeca resolveu comprar uma, mas no final, todos nós compramos uma cada um, acabamos com as lanternas daquele senhor, que fechou a conta e foi para casa. Eu pensei, venho na Bolívia para comprar lanternas, pois em 2011 também comprei uma lá em Puerto Suarez.


Catedral de Uyuni
Ok, missão cumprida, conhecemos o Uyuni, agora era hora de descanso, pois no dia seguinte, pauleira até a fronteira com o extremo norte da Argentina, seriam apenas 300 km até Villazón, porém destes, os primeiros 210 km de rípio bruto!


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